Dados do Trabalho


Título

Movimento Sistólico Anterior da Valva Mitral como agravante do Choque Cardiogênico e o papel da fisiopatologia para guiar a abordagem.

Resumo

Introdução: O movimento sistólico anterior da valva mitral (SAM) é definido como movimento dinâmico da valva mitral anteriormente durante a sístole, causando obstrução da via de saída do ventrículo esquerdo (VE). Anormalidades estruturais, fatores geométricos e ventrículo hiperdinâmico são fatores de risco. Ocorre em cerca de 20% dos pacientes com Síndrome de Takotsubo.

Relato de Caso: J.C.S.A, 76 anos, masculino, em investigação de massa pulmonar em lobo superior do pulmão direito e derrame pleural à direita, encaminhado para realização de broncoscopia. Durante o exame evoluiu com pico pressórico, sendo abreviado. Após o procedimento houve manutenção de sonolência, sendo realizada reversão de sedativos, sem sucesso. Permaneceu hipoxêmico e com parâmetros clínicos de choque, com gasometria com hipercapnia inquantificável. Realizada intubação orotraqueal por broncoscopia, início de dobutamina 4,3mcg/kg/min e norepinefrina 0,1mcg/kg/min. Eletrocardiograma em ritmo sinusal e zona elétrica inativa em parede anterior. Pocus com disfunção moderada do VE às custas de acinesia de todos os segmentos apicais e médios, hipercontratilidade dos segmentos basais, sem gradiente significativo no TSVE, sugestivo de Takotsubo. Coronariografia com lesão excêntrica de 60% em coronária direita e ventriculografia com acinesia dos segmentos apicais e hipercinesia dos segmentos basais, sugestivo de Takotsubo. Transferido para unidade coronariana, a admissão noradrenalina a 0,85 mcg/kg/min, vasopressina 0,01U/min, dobutamina 29 mcg/kg/min e acidose respiratória. Após ajustes iniciais em sedação e ventilação mecânica, realizado ecocardiograma, com disfunção sistólica moderada de VE, SAM, gradiente máximo de TSVE de 99mmHg. Suspensa dobutamina e realizada expansão volêmica até euvolemia. Houve melhora de instabilidade hemodinâmica, a vasopressina foi suspensa um dia depois, a noradrenalina dois dias depois e o paciente extubado após 5 dias. Novo ecocardiograma apontou disfunção leve de VE, sem SAM. O paciente recebeu alta hospitalar, com proposta de realização de ressonância cardíaca para melhor entendimento do quadro clínico.

Conclusão: O entendimento da fisiopatologia é de extrema importância no manejo clínico da SAM. A redução do VE hiperdinâmico com a suspensão de dobutamina; e a redução da distância entre o septo interventricular e o ponto de coaptação da valva mitral com a hidratação venosa ( fator geométrico) foi fundamental para resolução do choque cardiogênico.

Palavras Chave

SAM; Takostubo; Choque

Arquivos

Área

CARDIOINTENSIVISMO / EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES

Categoria

Jovem Pesquisador

Autores

SABRINA BARBOSA PACHECO, GERMANA GABRIELA ARAUJO PAULA , DANIELA CAPUTI, CARLOS FILIPE SANTOS PIMENTA, RAYLA SENRA PAIVA, JOSE XAVIER LOPEZ ROSAS