Dados do Trabalho


Título

Características, tratamento e evolução de pacientes com tempestade elétrica em uma instituição universitária: predomínio da etiologia chagásica.

Resumo

A tempestade elétrica (TE) é uma emergência clínica na qual há a ocorrência de 3 ou mais episódios separados de taquicardia ventricular (TV) ou fibrilação ventricular em 24 h, ou de TV incessante durante 12 h, com necessidade de terapia para sua reversão. Sua incidência é de 10-28% em pacientes com cardioversor-desfibrilador implantável (CDI) para prevenção secundária. Está associada a um aumento na mortalidade de quase 3 vezes. Há dados limitados na literatura sobre TE e cardiopatia chagásica crônica. Objetivo: avaliar o perfil clínico, as modalidades de tratamento e a evolução de pacientes com TE em uma instituição universitária. Métodos: estudo observacional e retrospectivo, com 142 pacientes consecutivos com TV, idade média de 56,1 anos, dos quais 14 cursaram com TE durante mediana de seguimento clínico de 79 meses. Foram avaliados o perfil clínico, modalidades de tratamento e evolução. Os resultados foram expressos em média e desvio-padrão (para variáveis de distribuição normal) e em mediana e intervalo interquartil. Resultados: a média de idade dos 14 pacientes foi de 54,2 ± 10,9 anos, 11 homens, com média da fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 0,41 ± 0,13. As etiologias das cardiopatias foram chagásica em 11 pacientes, isquêmica em 1, idiopática em 1 e síndrome de Brugada em 1 paciente. O tempo de intervalo entre o implante do CDI e a TE foi de 22,0 meses [intervalo interquartil 4,5-35,0], com sintomas de síncope em 8 pacientes. O modo CDI foi de dupla câmara em 8 pacientes. O fator desencadeante foi identificado em 3 pacientes (infecção em 2 e isquemia em 1). Houve repetição dos episódios de TE em todos, com mediana de TV foi de 22,5 episódios [9,7-66,2]. Além da terapia pelo CDI, aumento de dose de antiarrítmicos (amiodarona, betabloqueador e/ou lidocaína), foi feita ablação em 11 pacientes. O tempo de internação em razão da TE foi de 42,9 ± 29,4 dias. Houve piora da insuficiência cardíaca em 2 pacientes, com necessidade de transplante em 1. Não houve morte cardíaca. Conclusões: a incidência de TE foi de 9,8%, com 78,5% dos pacientes com cardiopatia chagásica crônica, com predomínio do sexo masculino e com recorrência da TE. O tratamento foi híbrido, com ablação em 78% dos pacientes, e houve boa evolução.

Palavras Chave

Tempestade elétrica; cardioversor-desfibrilador implantável; cardiopatia chagásica crônica

Área

ARRITMIAS CARDÍACAS/ ELETROFISIOLOGIA/ ELETROCARDIOGRAFIA

Categoria

Iniciação Científica

Autores

LUIZ EDUARDO LEVERENTZ SOUTO, LUCAS OLIVEIRA CARNEIRO, ROSE MARY FERREIRA LISBOA DA SILVA