Dados do Trabalho


Título

Relato de caso: tempestade elétrica em paciente com cardiomiopatia hipertrófica septal assimétrica forma aneurismática.

Resumo

Introdução: a cardiomiopatia hipertrófica (CMH) é uma doença genética e consiste fenotipicamente na hipertrofia ventricular esquerda excluindo-se fenocópias. Podem evoluir com aneurisma apical do ventrículo esquerdo (VE) em 3% dos casos. Esta alteração está associada a morte súbita (MS) por arritmias fatais, dentre elas a taquicardia ventricular (TV). Um dos pilares do tratamento é a prevenção de MS através do implante de cardioversor-desfibrilador implantável (CDI) em pacientes selecionados. Este relato visa demonstrar o manejo da tempestade elétrica no contexto da CMH.
Descrição do caso: paciente, 66 anos, admitido em serviço terciário por disparos do CDI. Ao eletrocardiograma: TV monomórfica sustentada com morfologia de bloqueio de ramo esquerdo. Após reversão da TV, a telemetria evidenciou 138 episódios de TV, 12 terapias apropriadas e 99 terapias antitaquicardia. Ao ecocardiograma: hipertrofia assimétrica da região média do VE (24mm), aneurisma da região apical do VE (sem trombos), fração de ejeção de 36%. À ressonância magnética: achados compatíveis com CMH concêntrica não obstrutiva - fibrose não extensa (13%) e aneurisma da ponta do VE, fração de ejeção 47%. Optado por ablação por radiofrequência. Realizado punção do espaço pericárdico por técnica convencional. Mapeamento de ativação em ritmo sinusal demonstrou cicatriz no ápex do VE. Foram encontrados potenciais tardios e fragmentados e demarcadas as zonas de desaceleração. O mapeamento endocárdico demonstrou cicatriz associado a potenciais fragmentados e tardios localizados também no ápex. Estimulação ventricular induziu TV (di-, eixo superior, v1+, v2 a v6-; ciclo de 300ms) mapeável com uso de altas doses de drogas vasoativas. O mapeamento de ativação demonstrou potencias mesodiastólicos na porção apical endocárdica não vistos no epicárdio. Pulsos de radiofreqüência foram aplicados na região e resultaram na interrupção da TV. Aplicações adicionais foram realizadas até completa modificação de substrato. Paciente segue sem relato de novos disparos e telemetrias seriadas sem evidência de terapias.
Conclusão: a CMH varia em diferentes fenótipos, podendo evoluir com aneurisma apical do VE que está relacionado ao aumento do potencial arritmogênico. O paciente deste relato já possuía CDI para profilaxia secundária de MS e foi assistido após tempestade elétrica por TV associada à cicatriz aneurismática na ponta do VE, realizado ablação por radiofrequência, recuperando funcionalidade e qualidade de vida.

Palavras Chave

Cardiomiopatia Hipetrófica; Taquicardia ventricular; Ablação por Radiofrequência

Arquivos

Área

ARRITMIAS CARDÍACAS/ ELETROFISIOLOGIA/ ELETROCARDIOGRAFIA

Categoria

Jovem Pesquisador

Autores

RAFAEL CAMPOS OLIVEIRA, FABIANA GALLO, BRUNNA SOUZA SARAIVA, FERNANDA BORGES CAVALET, ALESSANDRO FELIPE ARANTES, HUGO BELLOTTI LOPES, CAIO CEZAR DANIEL PEREIRA, ROBERTA ABRAO PACHECO RODRIGUES DE QUEIROZ, JOSÉ VITOR RASSI GARCIA, AGUINALDO F. FREITAS JR