Dados do Trabalho

Título

ACHADOS ELETROCARDIOGRÁFICOS DE PACIENTES COM SÍNDROME BRASH: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Resumo

INTRODUÇÃO: A síndrome BRASH é uma sigla em inglês que significa bradicardia, insuficiência renal, bloqueio do nó atrioventricular (NAV), choque e hipercalemia. É uma bradicardia gerada pela combinação de hipercalemia e drogas que bloqueiam o NAV, podendo levar à falência de múltiplos órgãos por choque cardiogênico. A apresentação no eletrocardiograma (ECG) pode mostrar vários ritmos e os sinais de hipercalemia podem ou não ser evidentes. No entanto, a entidade carece de discussões no ambiente médico, sobretudo quanto à sua apresentação no ECG, justificando a realização desse trabalho.
OBJETIVO: Descrever os achados de ECG dos pacientes com síndrome de BRASH a partir de relatos de casos dos últimos 5 anos.
MÉTODOS: Realizou-se uma revisão sistemática via PRISMA nas bases de dados PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde com as chaves de busca “BRASH” e “Syndrome” com textos publicados nos últimos 5 anos sem restrição de idioma, gerando 161 trabalhos fora as duplicatas. Excluiu-se os textos que não eram relatos ou séries de casos, os que fugiram do tema e os que não apresentavam os ECGs dos pacientes, restando 36 relatos com 39 ECGs para análise final. Os revisores participaram do processo de seleção e análise dos exames, resolvendo discrepâncias em consenso mútuo.
RESULTADOS: Dos 39 ECGs analisados, 35,89% mostraram desvio do eixo para a esquerda e 5,12% para a direita. A frequência cardíaca (FC) média foi de 37 bpm, com 10,25% abaixo de 30bpm (mínimo: 19 bpm) e apenas 12,8% acima de 50bpm (máximo: 62 bpm). O ritmo juncional de escape foi o mais comum (53,84%), seguido de idioventricular (20,51%), com bradicardia sinusal em 7,69% e bloqueio atrioventricular total em 7,69%. Sobrecargas atriais foram difíceis de avaliar dada a ausência de onda P em muitos exames. Sobrecarga ventricular esquerda foi encontrada em 20,5%, bloqueio de ramo esquerdo em 10,25%, bloqueio de ramo direito em 15,38%, e bloqueio divisional anterossuperior esquerdo em 23%. Alterações do segmento ST foram mínimas, e apenas 20,51% mostraram achados sugestivos de hipercalemia (onda T apiculada).
CONCLUSÕES: Nos casos relatados, a síndrome BRASH apresentou-se com FC entre 30 e 50bpm, ritmos juncional de escape e idioventricular predominantes. A hipercalemia, em sua maioria, não se refletiu no ECG. Os padrões de bloqueios de condução e sobrecargas ventriculares ressaltam a complexidade da condição, mas são necessários mais estudos para a compreensão do real significado desses achados.

Palavras Chave

Eletrocardiografia; medicina intensiva; BRASH