Dados do Trabalho


Título

Marca-passo Permanente Bicameral Via Seio Coronário em Paciente com Anomalia de Ebstein, Prótese Biológica de Valva Tricúspide e que se recusava a transfusão sanguínea por questões religiosas.

Resumo

Introdução: A estimulação ventricular em pacientes com prótese valvar tricúspide usualmente requer abordagem cirúrgica epicárdica. Porém, é possível o posicionamento do eletrodo em ventrículo esquerdo (VE) por via seio coronário (SC). Relato de caso: Mulher de 52 anos, pertencente a religião que tem restrições a transfusão sanguínea, com anomalia de Ebstein. Em 2016, foi submetida a plastia de valva tricúspide e fechamento de forame oval patente. Desde 2022 evoluiu com sintomas de dispneia associada a insuficiência valvar tricúspide grave, sendo realizada em 2024 troca valvar por prótese biológica, evoluindo com bloqueio atrioventricular total permanente e indicado implante de Marca-passo (MP) definitivo. A cirurgia de MP foi realizada com dissecção de veia cefálica e canulação do SC. Um eletrodo bipolar endocárdico foi introduzido através da bainha e implantado na veia magna coronária, por proporcionar maior estabilidade. Um segundo eletrodo bipolar endocárdico de fixação ativa foi implantado no átrio direito. Os eletrodos foram conectados ao gerador Medtronic ATTESTA DR que foi fixado e programado em VDD. A avaliação eletrônica 17 dias após o implante evidenciou um limiar de sensibilidade atrial de 2,4 mV, impedância ventricular 890 ohms e limiar de estimulação ventricular 1,75 V x 1,0 ms. O eletrocardiograma evidenciou morfologia de bloqueio completo de ramo direito e QRS 136 ms. Discussão: Atualmente, a maioria dos implantes de MP é realizada por técnica transvenosa. No entanto, a presença de prótese valvar tricúspide é considerada uma contraindicação relativa devido à possibilidade de disfunção causada pelo posicionamento do eletrodo. A opção por posicionamento do eletrodo no VE via SC foi preferencial no caso descrito por ser uma técnica minimamente invasiva, ideal para pacientes com restrição a transfusão de hemocomponentes e provocar melhora da função cardíaca, além de não gerar disfunção da prótese valvar em posição tricuspídea. No caso apresentado, o eletrodo foi posicionado em posição muito estável na veia magna coronária sem complicações. Ademais, a despolarização ventricular obtida está associada a menor incidência de remodelamento ventricular relacionado à estimulação artificial. Conclusão: O uso de eletrodos via SC em pacientes com prótese de valva tricúspide permite uma abordagem minimamente invasiva e efetiva de estimulação ventricular sem danos à prótese valvar e com possíveis benefícios hemodinâmicos frente a estimulação muscular do VE.

Palavras Chave

Marca-passo; Seio coronário; Prótese valvar

Arquivos

Área

ARRITMIAS CARDÍACAS/ ELETROFISIOLOGIA/ ELETROCARDIOGRAFIA

Categoria

Jovem Pesquisador

Autores

ANNA BEATRIZ SALLES RAMOS, YASMIN FAGUNDES MAGALHÃES, JOSÉ MÁRIO BAGGIO JUNIOR