Dados do Trabalho


Título

Poucos Estudos e Grandes Desafios: Endocardite Tardia de Prótese Valvar em Dois Centros Brasileiros de Excelência em Cardiologia

Resumo

Introdução: A endocardite infecciosa (EI) tem alta morbimortalidade e incidência crescente, associada aos cuidados de saúde e envelhecimento populacional. O elevado número de intervenções culmina em maior presença de próteses valvares, e consequente risco para EI tardia de prótese valvar (EITPV), que ocorre após 1 ano do implante da prótese. Objetivo: Estudar pacientes com EITPV quanto ao perfil clínico-epidemiológico e desfechos. Métodos: Estudo observacional descritivo, por revisão de prontuário de 182 episódios de EITPV, entre 2010 e 2023, em dois centros cardiológicos brasileiros. Apenas adultos com diagnóstico definitivo pelos critérios de Duke modificados foram incluídos. Frequências foram obtidas por cálculos em Excel. Resultados: Foram incluídos 182 pacientes com EITPV; 69/182 (38%) idosos, 62% homens, média de idade: 55,5 anos (± 17,4). Comorbidades mais prevalentes foram hipertensão arterial (53,2%), insuficiência cardíaca (19,2%), diabetes (18,7%) e doença renal crônica (15%). História de EI prévia ocorreu em 23%. Hemoculturas foram positivas em 81,3% dos casos, sendo agentes mais isolados Streptococcus (35%), Staphylococcus (12%) e Enterococcus (10%). Hemoculturas foram negativas em 16%. Aquisição foi comunitária em maioria (85%); 10% foi relacionada à assistência de saúde e 4% hospitalar. Valvas mais acometidas: aórtica (60%) e mitral (42%). Houve indicação cirúrgica para 128/182 (67%); destes, 84% realizaram o procedimento cirúrgico. Mortalidade intra-hospitalar foi 30% (54/182). Do grupo que evoluiu a óbito, 25/54 (46%) eram idosos, 33% com IC, e 27% apresentaram embolia durante a internação. Conclusão: A EITPV é uma condição que possui alta taxa de mortalidade, perfil de paciente complexo, além de indicação cirúrgica na maioria dos casos. Nota-se EI prévia em quase um quarto dos casos. A negatividade de hemoculturas dificulta o manejo. Fatores frequentes nos pacientes evoluídos a óbito foram idade ≥ 65 anos, IC prévia, e embolia durante o curso da doença. Trata-se de doença grave e cada vez mais presente, ainda com lacunas na literatura. Seu estudo torna-se essencial para elaboração de protocolos a fim de prevenção, diagnóstico e tratamento da doença.

Palavras Chave

Endocardite; Implante de Prótese de Valva Cardíaca; Próteses Valvulares Cardíacas

Área

PERICÁRDIO / ENDOCÁRDIO / VALVOPATIAS

Categoria

Jovem Pesquisador

Autores

GUILHERME SUAREZ POMPEO, WILMA FELIX GOLEBIOVSKI, RAFAEL QUARESMA GARRIDO, CLARA WEKSLER, NICOLAS DE ALBUQUERQUE PEREIRA FEIJÓO, GIOVANNA IANINI FERRAIUOLI BARBOSA, RINALDO RINALDO FOCACCIA SICILIANO, CRISTIANE DA CRUZ LAMAS