Dados do Trabalho
Título
Endocardite infecciosa associada à hemodiálise em um hospital universitário do Rio de Janeiro
Resumo
Introdução
A incidência de doença renal crônica (DRC) está aumentando em todo o mundo. Em estágios avançados, a DRC leva à terapia renal substitutiva, principalmente à hemodiálise (HD). Este procedimento, embora crucial, apresenta riscos associados ao acesso central, sendo a EI a complicação infecciosa mais temida nestes pacientes.
Objetivo
Descrever as características da EI em 56 pacientes em HD, internados em um hospital universitário no Rio de Janeiro.
Métodos
Coorte retrospectiva de casos de EI diagnosticados em um hospital universitário no Rio de Janeiro entre 1978 e 2021. Os prontuários dos pacientes foram revisados sistematicamente para coleta de dados demográficos e clínicos. Estatísticas descritivas foram empregadas para resumir as características demográficas e clínicas da coorte. As diferenças entre os grupos foram analisadas com qui-quadrado, teste exato de Fisher ou teste não paramétrico. Um modelo de regressão multivariada foi utilizado para avaliar fatores de risco independentes associados ao óbito. As análises foram realizadas no Rstudio.
Resultados
Dos 779 casos de El, 539 foram classificados como definitivos. Desses, 56 estavam associados à hemodiálise. As características da população em HD que diferiram estatisticamente daquelas dos pacientes sem HD incluem uma maior percentagem de mulheres (59% vs 35%) e uma menor percentagem de febre (73% vs 87%) e sopro cardíaco (7% vs. 86%) na apresentação. Pacientes em HD apresentavam menos frequentemente válvulas protéticas (5% vs 17%). Em termos de patógenos, Enterococcus spp, CoNS e fungos foram mais frequentes na população em HD, enquanto o grupo Streptococcus viridans foi mais frequente em pacientes não-HD. As complicações neurológicas foram menos frequentes em pacientes em HD e a embolização pulmonar foi mais comum. A taxa de mortalidade foi maior em pacientes em HD (54% vs 37%) (Tab 1). Quando analisada em modelo de regressão multivariável, a HD esteve independentemente associada a maior risco de morte (Fig 1).
Conclusões
A EI em pacientes em HD é um problema crescente. As características desses pacientes podem diferir daquelas habitualmente descritas na EI. O diagnóstico pode ser desafiador devido à ausência de sinais como febre e sopro cardíaco. Agentes como Enterococcus spp, CoNS e fungos podem aparecer com maior frequência, necessitando de atenção ao tratamento empírico e, de modo geral, o desfecho pode ser pior, evidenciando a necessidade de uma equipe especializada para atender esses pacientes.
Palavras Chave
Endocardite infeciosa; Hemodiálise;
Arquivos
Área
PERICÁRDIO / ENDOCÁRDIO / VALVOPATIAS
Categoria
Pesquisador
Autores
CLAUDIO QUERIDO FORTES, ISABELA CARVALHO LEITÃO, NATÁLIA RODRIGUES QUERIDO FORTES, VITOR AKIRA OTA, GUILHERME SANT'ANNA LIRA, ANNA CARLA PINTO CASTIÑEIRAS, ANA CÁUDIA PINTO DE FIGUEIREDO FONTES, PAOLO BLANCO VILLELA, JULIANO CARVALHO GOMES ALMEIDA, ROGERIO GOMES FLEURY, ROBERTO MUNIZ FERREIRA, MAURO PAES LEMA SÁ