Dados do Trabalho


Título

Estenose Mitral associada a Cardite Reumática Subaguda agravada por Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Reduzida: Um Relato de Caso

Resumo

Introdução: A cardiopatia reumática é uma das principais causas de transplantes cardíacos e estudos demonstram que uma proporção significativa de pacientes transplantados apresenta miocardite reativada em análises histológicas. Assim, é justificável investigar a presença de atividade reumática, especialmente em casos de cardiomiopatia valvar associada a disfunção sistólica ventricular grave, antes de encaminhar para o transplante.
Descrição do caso: Paciente de sexo feminino, 22 anos, antecedente de febre reumática desde os 4 anos e de Estenose Mitral de etiologia reumática, submetida a Comissurotomia em 2014 e Troca Valvar Mitral por bioprótese em 2015 após quadro de Insuficiência Mitral aguda por ruptura de cordoalha. Evoluiu estável, com duas gestações, uma em 2017 e outra 2021, apresentando na última, dispneia e taquicardia, regredidas pós-parto. Em novembro de 2021, houve retorno da dispneia com evolução contínua, realizou Ecocardiograma Transtorácico (ETT) evidenciando queda da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) para 28% e prótese biológica com estenose de leve a moderada. Iniciado tratamento para Insuficiência Cardíaca (IC), manteve-se estável até janeiro de 2023, quando foi internada com quadro de IC descompensada perfil B, febre e dispneia Classe Funcional (CF) III. Novo ETT com FEVE 26% e bioprótese com estenose importante, confirmada com Ressonância Magnética Cardíaca (RMC) com FEVE 21%. A abordagem da valvopatia não foi indicada devido ao alto risco cirúrgico e encaminhada para avaliação para transplante cardíaco. Levantou-se a hipótese de cardite reumática subaguda, solicitada Cintilografia de Gálio 67, ao qual demonstrou processo inflamatório moderado. Iniciado corticoterapia oral associada a otimização do tratamento clínico da IC. Paciente evoluiu com melhora significativa dos sintomas mantendo dispneia CF II, RMC apresentando melhora da função cardíaca, e FEVE 44%. Assim, foi possível prosseguir com a retroca valvar mitral, sem intercorrências. Em acompanhamento ambulatorial continuou estável, CF I e última ETT com FEVE 49%.
Conclusão: O caso ilustra a relevância da avaliação de atividade reumática. Além de demonstrar o impacto da corticoterapia no tratamento, exercendo supressão do processo inflamatório e melhora substancial da função cardíaca com recuperação progressiva da fração de ejeção do ventrículo esquerdo, reduzindo o risco cirúrgico e suspendendo a necessidade de avaliação para transplante cardíaco.

Palavras Chave

Cardiopatia Reumática; Estenose Mitral; insuficiência cardíaca

Área

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA / CARDIOMIOPATIA/ TRANSPLANTE

Categoria

Iniciação Científica

Autores

ANA KAROLINA BALDUINO MENDES, LUANA CAMPOLI GALBIATI, ALEXANDRE SCUIÇATE GUERTA, JOSÉ JORGE DE PAIVA RÍSPOLI NETO, VIVIANY ARAUJO NASCIMENTO, MAGNO FERNANDES MENDES BORGES