Dados do Trabalho


Título

Miocardite por influenza: relato de possível recorrência, sem disfunção ventricular, em triatleta.

Resumo

INTRODUÇÃO: A miocardite é uma inflamação do miocárdio, sobretudo, a causada por influenza é uma condição rara. Infecções virais são potenciais causas de miocardiopatia, pois afetam diretamente o miocárdio e, após uma lesão miocárdica autoimune, resultam em remodelamento cardíaco. Em atletas de elite, a miocardite é considerada a terceira principal causa de morte súbita.
DESCRIÇÃO: Paciente masculino, 30 anos, triatleta, com relato de miocardite prévia em janeiro de 2022. A ressonância magnética do coração (RMC) evidenciou discreta área de realce, sugerindo fibrose no segmento ântero lateral basal do ventrículo esquerdo, sem disfunção. Desde então, vinha assintomático e praticando atividade física de alta intensidade, triatlo. Em março de 2023, deu entrada no pronto socorro com queixas de dor torácica ventilatório dependente e sintomas respiratórios, com início há três dias. Apresentou troponina elevada em 4 vezes o valor da normalidade, mas sem alterações em eletrocardiograma (ECG) e ecodopplercardiograma transtorácico (ECOTT). Iniciou anti inflamatório para alívio da precordialgia, com diagnóstico provável de pericardite viral, com resposta satisfatória ao medicamento. Em reavaliação ambulatorial, viu-se a reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa (RT-PCR) de swab nasal positiva para influenza tipo B, ECOTT e ECG sem anormalidades, porém RMC revelou realce tardio de padrão não isquêmico, multifocal, com acometimento miocárdico, localizado no segmento ântero lateral basal e ântero lateral medial, sugerindo fibrose, compatível com miocardiopatia inflamatória. Introduziu-se colchicina e prednisona em dose baixa para controle da dor, apesar de marcadores inflamatórios normais. Paciente apresentou evolução satisfatória, sem arritmias ao Holter e ao teste cardiopulmonar, com boa capacidade funcional. Após 6 meses, RMC evidenciou função sistólica biventricular preservada e ausência de fibrose miocárdica. Paciente foi liberado para atividades físicas e foi recomendado vacina anual para influenza.
CONCLUSÃO: Identificar e manejar precocemente a miocardite em atletas de elite é um desafio, pois apresenta um maior risco de morte súbita. O diagnóstico foi realizado a partir da clínica e das evidências nos exames complementares, como níveis de troponina, RMC e RT-PCR. O tratamento baseou-se em condutas medicamentosas para controle de dor e inflamação, além da restrição de exercício físico por 6 meses, sendo o atleta liberado após avaliação cardiológica.

Palavras Chave

Miocardite; troponina ultrassensível; ressonância magnética cardíaca

Área

CARDIOLOGIA DO ESPORTE, EXERCÍCIO, ERGOMETRIA E REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR

Categoria

Iniciação Científica

Autores

BRUNO CAVALCANTE LINHARES, ARTHUR PIMENTEL FEITOZA, BEATRIZ SANTOS GIRÃO, GIOVANNI LEAL HOLANDA, IAN SANTOS ALENCAR OLIVEIRA, ISADORA MARIA RODRIGUES MENDES, JOÃO VITOR FEITOZA BEZERRA, LETÍCIA TELES MOREIRA LOPES, LAISE TORRES DIAS, VICTOR BRASIL SÁ, JOSÉ DIÓGENES MARQUES RIBEIRO FILHO