Dados do Trabalho

Título

TAQUICARDIA VENTRICULAR NÃO SUSTENTADA POR USO ABUSIVO DE BEBIDA ENERGÉTICA EM PACIENTE JOVEM

Resumo

A taquicardia ventricular não sustentada (TVNS) é uma arritmia cardíaca caracterizada por episódios transitórios de ritmo cardíaco rápido originados nos ventrículos, três ou mais batimentos ventriculares consecutivos a uma frequência superior a 100 batimentos/min, com duração inferior a 30 segundos1,2. Este relato de caso descreve o diagnóstico e manejo de um paciente jovem que apresentou TVNS após a ingestão diária excessiva de bebida energética (Cafeína-1,3,7-trimetilxantina), destacando os desafios clínicos enfrentados na avaliação de risco e na tomada de decisão terapêutica.
Paciente masculino, 29 anos, ex-usuário de cocaína, tabagista 30 maços/ano, obeso, nega medicações de uso contínuo e refere ingesta diária de 2 litros de bebida energética. Procurou atendimento na cidade de origem por dor retroesternal em aperto, de forte intensidade, iniciada há 4 horas, com irradiação para membros superiores, com piora aos esforços, sem melhora em repouso e associada a náuseas, vômitos e dispneia. Após realização de eletrocardiograma, a suspeita de Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnivelamento do Segmento ST (IAMCSST) foi confirmada. Na conduta terapêutica inicial foram administrados ácido acetilsalicílico, clopidogrel e morfina endovenosa, com diminuição na intensidade da dor. O paciente foi encaminhado para a Unidade de Dor Torácica, onde foi iniciado o Protocolo de Dor Torácica (PDT) - terapia dupla antiplaquetária, clexane pleno e estatina. Após 2 horas em observação, o monitor cardíaco registrou TVNS. Em seguida, o PDT foi substituído por Selozok e Alprazolam e a necessidade de cateterismo cardíaco foi reavaliada. O paciente recebeu alta hospitalar após 5 dias, com prescrição de Selozok para uso contínuo, seguimento ambulatorial cardiológico e encaminhamento ao Centro de Atenção Psicossocial.
O caso relatado evidencia a relevância da abordagem multidisciplinar no manejo do paciente com dor torácica, especialmente aqueles com fatores de risco cardiovascular, como drogadição, tabagismo e uso abusivo de estimulantes lícitos, a exemplo da cafeína. Além disso, ele ilustra a complexidade na tomada de decisões terapêuticas e a necessidade de adaptação da conduta diante de novas manifestações clínicas, como a ocorrência de TVNS. Por fim, fica destacada também a importância do acompanhamento ambulatorial e a integração do serviço de saúde mental para o cuidado de pacientes com esse perfil.

Palavras Chave

Infarto Agudo do Miocárdio; Drogas de abuso; Taquicardia Ventricular Não Sustentada .

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