Dados do Trabalho


Título

Miocardiopatia não compactada em gestante: um relato de caso raro.

Resumo

Introdução: A Miocardiopatia Não Compactada (MNC) é uma condição rara que se origina da interrupção da compactação miocárdica no 1º trimestre da vida intrauterina. Nela, há a presença de trabeculações proeminentes, intercaladas por recessos profundos, que se comunicam com a cavidade do ventrículo esquerdo (VE). O miocárdio fica composto por uma camada externa compactada e outra interna não compactada, sem acesso às artérias coronárias. Geralmente, o padrão de herança da doença é autossômico dominante. A associação entre gestação e MNC é incomum na literatura, mas se sabe que é de alto risco e necessita de acompanhamento cardiológico e obstétrico. Descrição do caso: E.C.S., 31 anos, sexo feminino, casada, G1P0A0. Diagnosticada com anemia, MNC em classe funcional II (New York Heart Association) e arritmia ventricular grave, sem tratamento regular. Admitida no Pronto-Socorro de Ginecologia e Obstetrícia dois dias após descoberta de gestação não planejada, com queixa de dor abdominal intensa em cólica e piora da dispneia habitual, sem melhora ao uso de analgésicos. Exame físico sem alterações. Ecocardiograma demonstrou disfunções sistólica e diastólica, bem como discreta insuficiência mitral, fração de ejeção de 53% e aumento das trabeculações do VE - indicando MNC. A paciente iniciou pré-natal de alto risco, além do tratamento com reposição de ferro e Succinato de Metoprolol. Durante a gestação, queixou-se de hiperêmese e insônia refratárias, além de palpitações com piora aos esforços e dor torácica tipo pressão. Retornou ao ambulatório referindo piora na intensidade e frequência da dor torácica, além de refluxo, astenia e labilidade pressórica. Negou outras queixas ou secreções vaginais significativas. A ultrassonografia (USG) obstétrica com doppler mostrou-se sem marcadores de aneuploidias ou de malformações congênitas; todavia, indicou crescimento uterino retardado. Com 38 semanas, realizou parto cesáreo após tentativa de indução, bem como laqueadura tubária bilateral intraparto. Retornou 4 meses pós-parto, sem alterações cardiorrespiratórias adicionais e amamentando. Conclusões: A MNC é uma condição congênita rara de sintomas e prognóstico amplos. Diante disso, o seguinte trabalho é relevante não apenas por descrevê-la, como também por associá-la à gravidez, evento incomum na literatura. Este relato demonstrou a possibilidade de uma gestação e puerpério sem complicações cardiorrespiratórias significativas em pacientes com MNC e seus filhos.

Palavras Chave

Miocardiopatia; Cardiopatias Congênitas; gestação.

Área

CARDIOLOGIA DA MULHER

Categoria

Pesquisador

Autores

ANA BEATRIZ LOPES, CARLA DOS SANTOS PORTO , GUINTHER PEDROSA NOGUEIRA GOEQUING, WILSON JÚNIOR PEREIRA DA SILVA, LARISSA MONTEIRO TÔRRES, CATARINA AIRES GANDRA, ANTÔNIA MARILENE DA SILVA