Dados do Trabalho


Título

ALÉM DA ATEROTROMBOSE: VASOESPASMO COMO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE SUPRADESNIVELAMENTO DE ST SEGUIDO DE PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA

Resumo

INTRODUÇÃO
A angina vasoespástica foi descrita em 1959 por Prinzmetal et al, sendo responsável por 40% dos casos de infarto com coronárias normais, porém a confirmação é difícil. É necessária a detecção de alterações transitórias no eletrocardiograma (ECG), associado à evidência angiográfica do espasmo coronariano, além de rápida resposta ao nitrato.

DESCRIÇÃO DO CASO
Mulher de 52 anos, tabagista, admitida após parada cardiorrespiratória (PCR), com duração 30 minutos, em ritmo de atividade elétrica sem pulso (AESP), seguida de taquicardia ventricular (TV). Eletrocardiograma (ECG) sem alterações isquêmicas e troponina inicial de 40 (VR < 34mcg/dl). Encaminhada ao Cateterismo que mostrou lesão de 80% em terço médio de Coronária Direita (CD), além de espasmo proximal em CD (Figura 1a), revertido com nitrato intracoronariano (Figura 1b). Identificadas apenas lesões moderadas em descente anterior e em marginal esquerdo. Realizou-se angioplastia da lesão crítica de CD e manejo como síndrome coronariana aguda. Após 7 dias a paciente iniciou com quadro de dor precordial opressiva recorrente, com duração de cerca de 5 minutos. Nos ECGs realizados durante a queixa, apresentou inversão de T em derivações V2-V4, e dosagens de troponina sem curva. Estava com um aparelho de holter de 24 horas instalado, quando então, após um dos episódios de dor torácica, apresentou nova PCR em AESP, com duração de 12 minutos. Em análise do traçado do holter foi possível identificar claramente múltiplos episódios dramáticos de supradesnível de segmento ST nos 3 canais, coincidentes com os períodos de dor torácica (Figura 2). Submetida a novo cateterismo, o qual confirmou que o stent se mantinha pérvio, sem alterações novas. Confirmou-se então o diagnóstico de infarto associado a vasoespasmo grave, e otimizado o manejo com nitrato e bloqueador de canal de cálcio com cessação de novos episódios de dor ou alteração de ECG.

CONCLUSÕES
O caso relatado preenche todos os critérios confirmatórios de angina vasoespástica. Em geral o prognóstico é bom, com 94% de sobrevida em 5 anos. Porém, deve-se atentar para alguns elementos de mau prognóstico (a maioria presentes neste caso) como tabagismo, dor em repouso, PCR extra hospitalar, obstrução coronariana, espasmo multivascular, elevação de ST e uso de beta bloqueador. Drogas que reduzem a ocorrência de episódios sintomáticos parecem reduzir a frequência de eventos fatais, porém faltam evidências robustas.

Palavras Chave

VASOESPASMO; PCR; infarto

Arquivos

Área

DOENÇA CORONÁRIA AGUDA E CRÔNICA / TROMBÓLISE

Categoria

Jovem Pesquisador

Autores

ALBERTO MEMARI PAVANELLI, MYLENA MIKI LOPES IDETA, GABRIEL ANTONIO COLTRO , PEDRO CALEGARI, RENATA MARAVIESKI PAREJA , PEDRO FELIPE GOMES NICZ, MARIANA DE OLIVEIRA BORGES, LARISSA DE OLIVEIRA RENGEL DOS SANTOS , TALITA BEITHUM RIBEIRO MIALSKI