Dados do Trabalho

Título

Endocardite infecciosa de válvula aórtica causada por fungo cândida parapsilosis associado a pseudoaneurisma micótico: relato de caso

Resumo

A Endocardite infecciosa (EI) é uma manifestação rara durante a candidemia, principalmente em pacientes com próteses valvares, sendo que afecção de valva previamente inalteradas é incomum., embora rara, a endocardite por Candida em pacientes previamente saudáveis, sem fatores de risco claros, é possível. Relatamos um caso de um paciente masculino, 37 anos, que apresentou febre intermitente por aproximadamente 150 dias associado a mal-estar, tontura e perda ponderal, que evoluiu com cefaleia intensa e hemiparesia à esquerda. Buscou atendimento médico na emergência sendo observado em tomografia de crânio hemorragia intraparenquimatosa parietoocciptal direita com edema adjacente, e em arteriografia, pseudoaneurisma micótico (PM), sendo submetido a craniectomia para ressecção aneurismática. No pós-operatório, em unidade de terapia intensiva, durante admissão, observou-se sopro em foco aórtico, iniciando investigação para EI. As hemoculturas de dois sítios foram positivas para cândida parapsilosis, e o ecocardiograma demonstrou valva aórtica espessada, principalmente em folheto coronariano sugerindo lesão por endocardite calcificada (subaguda), permitindo com base nos critérios de Duke, diagnosticar com EI (1 maior e 3 menores - lesão compatível em valva aórtica; PM; febre; culturas positivas). Após iniciado antifúngico (Fluconazol), paciente apresentou melhora clínica, inclusive do déficit motor. Porém, voltou a referir cefaleia, pico hipertensivo e déficit motor em membro superior esquerdo, e em nova tomografia de crânio foi observado ressangramento, e em arteriografia novo PM, sendo necessário reabordagem para ressecção aneurismática. Devido persistência do microorganismo e recorrência de fenômenos embólicos, o antifúngico foi modificado para Anfotericina B desoxicolato. Em nova cultura permaneceu positivo para fungo sendo optado por escalonar o antifúngico para Caspofungina. A equipe de Cirurgia Cardíaca indicou troca de valva aórtica e o procedimento ocorreu sem intercorrências e o paciente apresentou evolução satisfatória, com continuação do antifúngico até negativação de hemoculturas, recebendo alta hospitalar. O tratamento de PM secundários à EI, o tratamento endovascular está em constante desenvolvimento e tem mostrado avanços significativos. Essa abordagem promissora associada ao combate do agente causador de forma precoce, oferece potenciais benefícios para pacientes com EI e PM, melhorando os resultados clínicos e reduzindo complicações.

Palavras Chave

Endocardite; Candida Parapsilosis; Antifúngicos.