Dados do Trabalho
Título
Endocardite de valva nativa versus protética: uma análise de pacientes do Brasil nos últimos 10 anos
Resumo
Introdução: A endocardite infecciosa é uma infecção que pode envolver as valvas cardíacas, sejam elas nativas ou próteses, e é ocasionada por bactérias (em especial, Streptococcus, Staphylococcus e Enterococcus) ou fungos. Valvas anômalas, lesionadas ou artificiais são mais propensas à infecção do que as normais. Se não tratada, é fatal, entretanto, mesmo com o tratamento, é grande a probabilidade de óbito. Objetivo: Analisar e comparar desfecho clínico e relação custo-efetividade do tratamento da endocardite em valva nativa (EVN) e em prótese valvar (EPV) no Brasil. Métodos: Estudo observacional e retrospectivo realizado com dados de tratamento de EVN e EPV obtidos no Sistema de Informação Hospitalar do Sistema Único de Saúde, entre janeiro de 2014 e dezembro de 2023, com as variáveis: procedimento, média de permanência, custo médio e taxa de mortalidade. Utilizou-se análise estatística descritiva e inferencial para comparação entre as condições com nível de significância de 5%. Resultados: Nos últimos 10 anos, foram registrados 13.910 tratamentos (68,57%) de EVN e 6.376 (31,43%) de EPV; média de internação (dia) em valva nativa e prótese (19,1 vs 19,9); custo médio (R$) em valva nativa e prótese (3.518,38 vs 3.388,20); e taxa de mortalidade (nº/100) em valva nativa e prótese (13,59 vs 16,94). A análise estatística demonstrou que houve 2,18 vezes mais procedimentos em valva nativa do que prótese (p<0,01), uma média de internação 1,042 vezes maior em prótese do que nativa (p=0,038), um custo médio 1,038 vezes maior em nativa do que prótese (p>0,05) e uma taxa de mortalidade 1,25 vezes maior em prótese do que nativa (p=0,003). Conclusões: Há um número superior de tratamentos de EVN, haja vista a maior quantidade absoluta de indivíduos com valvas nativas em comparação com os que necessitaram de prótese valvar na população geral. Contudo, a média de internação e a mortalidade são maiores para pacientes com EPV, o que é consonante com o elevado risco de infecção durante o procedimento de implantação cirúrgica da prótese, além da frequência de pericardite, distúrbios de condução eletrocardiográfica, sopros e insuficiência cardíaca ser maior na EPV. Ademais, na terapêutica cirúrgica, há mais endocardites recorrentes, complicações pós-operatórias e sobrevida inferior em longo prazo na EPV. Além do manejo terapêutico tender a ser mais desafiador na EPV, dado o perfil geralmente associado a maiores comorbidades e faixa etária. Por fim, o custo médio não apresentou relevância estatística para comparação, logo, não deve ser um fator determinante na diferenciação.
Palavras Chave
Endocardite; Valva nativa; Valva protética.
Área
PERICÁRDIO / ENDOCÁRDIO / VALVOPATIAS
Categoria
Iniciação Científica
Autores
GLEISON CARLOS ARANTES FILHO, LUISA MARIA RESENDE MORAIS, LEONARDO LIMA SIMÕES