Dados do Trabalho

Título

FASE INFLAMATÓRIA DA DENGUE E SUA ASSOCIAÇÃO COM A MIOCARDITE VIRAL: uma revisão sistemática sobre a epidemiologia e mecanismos associados

Resumo

Introdução: Caracterizadas enquanto doenças tropicais negligenciadas, as arboviroses são patologias sazonais epidêmicas predominantes nas américas. A dengue, em especial, para além de seu curso natural da doença, possui possibilidade de progressão para instabilidade hemodinâmica relacionada à fase inflamatória. A possibilidade de disfunção orgânica, decorrida dessa, inclui a susceptibilidade à miocardite viral, que representa prevalência entre 4.16% e mortalidade aproximada de 1.6%. Metodologia: Trata-se de uma revisão sistemática amparada no checklist PRISMA. Foi buscado nas plataformas PubMED, MDPI e Web of Science pelos descritores “dengue” AND “myocarditis”, com critérios de inclusão: àqueles que atendiam ao tema de busca, estudos completos disponíveis, limitados aos últimos cinco anos, sem restrição de idioma, resultando em 17 artigos para compor o estudo. Resultados: Abrangeram 4.616 pacientes com dengue, sendo 13 estudos com foco em pacientes maiores de 20 anos de idade e 4 estudos em pacientes menores de 20 anos. A incidência de eventos cardíacos foi de 27,21% (IC 95% 20,21-34,83, I2=94%, p<0,01). Em pacientes com dengue associados a miocardite foram identificados 3.605, abrangendo 11 estudos e uma incidência aleatoriamente de 10,94% (IC 95% 4,55-19,55, I2=96,8%, p <0,01. Quando se avalia a miocardite por grupo etário, a incidência evidenciou maior na população menores de 20 anos. O envolvimento cardíaco na arbovirose não mostrou-se uma complicação rara, encontrada em mais de um quarto dos participantes infectados e sob regime hospitalar. Foi observado, em cerca de 5% dos indivíduos infectados, algum grau de disfunção ventricular esquerda, com elevação de CK-MB e troponina. Nas crianças menores de dois anos, o aumento da incidência de miocardite em crianças foi atribuído a múltiplos fatores, incluindo processos inflamatórios, predisposição a infecções virais, genética do hospedeiro e níveis de carga viral. Esta relação está diretamente relacionada à gravidade da doença com a extensão do vazamento do plasma. Conclusão: As afecções cardíacas são complicações não raras de infecções por arbovírus. Especificamente na dengue, a miocardite emerge como a complicação mais comum e severa, com alta incidência em crianças menores de 02 anos. Embora a maioria dos casos apresente disfunção ventricular e anormalidades eletrocardiográficas de caráter temporário, a gravidade da condição exige vigilância.

Palavras Chave

Arbovirose; Dengue; Miocardite.