Dados do Trabalho


Título

Tendências dos fatores de risco cardiovascular na América Latina e Caribe nas últimas décadas: informar para enfrentar

Resumo

Introdução: O contexto sociodemográfico de crescimento e envelhecimento populacional, as disparidades sociais e o elevado nível de urbanização da América Latina e Caribe (ALC) proporcionam uma reflexão única sobre o impacto das doenças cardiovasculares (DCV) nas populações. Nosso objetivo foi avaliar as tendências dos fatores de risco cardiovascular (FRCV) na ALC para informar o desenvolvimento de soluções potenciais para o enfrentamento das DCV na ALC.

Métodos: Utilizando dados do “NCD Risk Factor Collaboration (NCD-Risc)” disponíveis para consulta pública, avaliamos as tendências dos principais FRCV na ALC de 1990 a 2016-2020, a saber: pressão arterial sistólica (PAS) em mmHg, colesterol total (CT) em mmol/ml, índice de massa corporal (IMC) em kg/m2 médios e prevalência de diabetes. O NCD Risc compila e harmoniza dados de estudos representativos das populações de vários países do mundo. Dados sobre a prevalência estimada de tabagismo na região são provenientes do estudo “Global Burden of Diseases”. Os dados são apresentados padronizados por idade para permitir a comparação de diferentes períodos, dado que a distribuição etária da população variou.

Resultados: Os FRCV que apresentaram tendências favoráveis na ALC nas últimas décadas foram: tabagismo, PAS e CT médios. A prevalência de tabagismo caiu para 7,6% para mulheres e 17% para homens, fazendo com que o risco para DCV atribuído ao tabaco diminuisse em 34%. A PAS média caiu de 130 mmHg para 129 mmHg para homens e 127 mmHg para 122 mmHg para mulheres. O CT médio reduziu de 4,7 mmol/L para para 4,6 mmol/L para homens e 4,8 mmol/L para 4,7 mmol/L para mulheres. Já a obesidade e o diabetes apresentaram tendências desfavoráveis. O IMC médio aumentou de 23,0 para 26,8 kg/m2 para homens e de 23,0 para 27,5 kg/m2 para mulheres, com a prevalência de obesidade crescendo de 3% para 11% em homens e 6% para 15% em mulheres. A prevalência de diabetes acompanhou este crescimento e aumentou de 4% para 8%.

Conclusão: As tendências dos FRCV são heterogêneas e evidenciam sucesso para políticas direcionadas a FRCV como hipertensão arterial e tabagismo. Porém, mostra que o problema das próximas décadas será o crescimento da obesidade. Estratégias populacionais e individuais, considerando os determinantes sociais de saúde, precisam ser planejadas como taxação de ultraprocessados e campanhas de estímulo à atividade física.

Palavras Chave

América Latina; Fatores de risco cardiovasculares; Políticas de saúde

Arquivos

Área

EPIDEMIOLOGIA E POLÍTICAS DE SAÚDE / SAÚDE GLOBAL

Categoria

Iniciação Científica

Autores

BEATRIZ POLACHINI ASSUNES GONÇALVES, RAFAEL ZICA DE SOUZA LINO, VICTORIA BRAMUCCI, ANA LUIZA CIMINELLI, ANTONIO LUIZ P RIBEIRO, LUISA CAMPOS CALDEIRA BRANT