Dados do Trabalho
Título
Aneurismectomia ventricular esquerda em portadora de Miocardiopatia Chagásica
Resumo
Introdução
O aneurisma do ventrículo esquerdo (VE) é definido como uma porção do ventrículo esquerdo afilada e dilatada devido ao predomínio de fibrose e área cicatricial, gerando distúrbios contráteis e, consequentemente, segmentos ventriculares acinéticos ou discinéticos identificados durante a sístole. Os aneurismas de VE são complicações mecânicas comuns após o infarto agudo do miocárdio e podem também se desenvolver em algumas miocardiopatias, como por exemplo, na miocardiopatia chagásica. O manejo destes aneurismas ainda é controverso, mas existem alguns critérios clínicos que sugerem a necessidade da abordagem cirúrgica dos mesmos.
Descrição do caso
Paciente feminino, 61 anos, portadora de miocardiopatia dilatada chagásica e Insuficiência Cardíaca (IC) classe funcional III, implante prévio de marcapasso e baixa tolerância à otimização da terapêutica medicamentosa por hipotensão arterial. Realizou ecocardiograma transtorácico que identificou aumento moderado de câmaras cardíacas esquerdas e direitas, disfunção ventricular esquerda importante, insuficiência mitral leve e grande aneurisma em ápice do VE, associado à trombo. Visto a refratariedade ao tratamento clínico, arritmias ventriculares complexas ao holter e a presença de colo delimitado, foi indicado a realização da aneurismectomia de VE. Paciente evoluiu bem no pós-operatório, apresentando melhora significativa do quadro clínico nos meses subsequentes. Atualmente, encontra-se em classe funcional I (2 anos após a cirurgia). Houve redução importante do tamanho da cavidade ventricular esquerda e melhora significativa da função ventricular. Mantém o uso de Varfarina 5 mg/dia, Enalapril 10 mg/dia, Carvedilol 12,5 mg/dia, Espironolactona 25 mg/dia e Dapagliflozina 10 mg/dia.
Conclusão
O tratamento do paciente portador de aneurisma de VE é eminentemente clínico (terapia medicamentosa para IC). A indicação cirúrgica de aneurismectomia é uma opção em casos que evoluam com IC refratária, angina, arritmia ventricular complexa e embolização sistêmica de trombos intraventriculares, a despeito do alto risco cirúrgico associado a esta cirurgia. No caso relatado, a realização da aneurismectomia de toda a região ântero-apical, apical e ínfero-apical, com preservação do miocárdio viável basal e médio do ventrículo esquerdo foi capaz de reduzir significativamente a cavidade ventricular, promover melhora significativa da função contrátil global do VE e melhora clínica importante no pós operatório tardio.
Palavras Chave
Cardiomiopatia Chagásica; Aneurisma; Aneurismectomia
Área
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA / CARDIOMIOPATIA/ TRANSPLANTE
Categoria
Iniciação Científica
Autores
VITOR TAVARES DE ASSIS, LETICIA ALVES DE OLIVEIRA, JOSÉ JORGE DE PAIVA RÍSPOLI NETO, JOÃO GUSTAVO ALVES FERNANDES, ISABELA CORRÊA SAMPER, JOÃO LUCAS O’CONNELL