Dados do Trabalho


Título

MORTE MATERNA POR ECLÂMPSIA NO BRASIL ENTRE 2013 E 2022: O RETRATO DE UMA DÉCADA

Resumo

Introdução: A eclâmpsia é um evento hipertensivo gestacional que cursa com convulsões generalizadas em gestantes com diagnóstico prévio de pré-eclâmpsia. Possui grande influência sobre a morbimortalidade materna, sendo a principal causa de morte materna no Brasil. Por ser uma patologia prevenível, seu desenvolvimento reflete a qualidade da assistência pré-natal e requer importante atenção no sistema de saúde nacional. Objetivo: Analisar o perfil epidemiológico da mortalidade materna por eclâmpsia no Brasil e suas regiões, nos últimos dez anos. Método: Estudo epidemiológico retrospectivo, transversal e descritivo, com dados coletados do Sistema de Mortalidade do Sistema Único de Saúde, entre janeiro de 2013 e dezembro de 2022, utilizando a categoria O15 do Código Internacional de Doenças 10 (CID10), que corresponde à Eclâmpsia. Analisou-se a faixa etária e etnia da gestante, além de ano, região e momento de ocorrência dos óbitos maternos. Resultados - Nos últimos dez anos, houve 1.532 mortes maternas por eclâmpsia no Brasil. A faixa etária mais acometida foi de 30 a 39 anos (595), seguida pela de 20 a 29 (554), de 10 a 19 (256) e, por fim, pelo grupo acima de 40 anos (127), classicamente associado a um maior risco de desenvolver a doença. Mulheres de etnia preta, já bem estabelecida na literatura como fator de risco, somam, com as pardas, 1081 dos óbitos registrados. O ano de 2013 acumulou o maior número absoluto de mortes (175), enquanto 2021 registrou o menor número (135), sendo que a média no período foi de 153 óbitos (IC 95% 147-159). Houve pouca variação no número de registros, com uma redução máxima de 22% no período analisado. O Nordeste concentrou o maior número de mortes (40%), em contraste com o Sul (6%). Por fim, cerca de 59% dos óbitos ocorreram durante o puerpério (até 42 dias após o parto), 29% ocorreram durante a gravidez, parto ou aborto e somente 2% das mães morreram fora do período da gravidez ou puerpério. Conclusão: Os óbitos descritos atuam como um indicador socioeconômico relevante, visto que a discrepância no número de mortes entre regiões é um reflexo das desigualdades de acesso à saúde no país. A ausência de uma redução significativa de mortes ao longo dos anos indica falhas no manejo das doenças hipertensivas gestacionais durante o pré-natal. Por fim, a maior mortalidade no período puerperal sugere que um acompanhamento pós gestacional de qualidade pode ter influência positiva na redução dos óbitos por eclâmpsia nesse período.

Palavras Chave

Mortalidade. Eclâmpsia; Cardiologia da Mulher

Arquivos

Área

CARDIOLOGIA DA MULHER

Categoria

Iniciação Científica

Autores

BEATRIZ RODRIGUES EVANGELISTA BRANDÃO, BEATRIZ REGIS DA CUNHA, SOPHIA ASSIS DOS SANTOS, RAQUEL TELES DE MEDEIROS, RENATA GABRIELLA RIBEIRO FERREIRA, CATARINA FERREIRA COSTA PRAIA, PEDRO DOS ANJOS FREIXO, CAIO RESENDE DA COSTA PAIVA, JOSUÉ KALEB MATOS DE ARAGÃO