Dados do Trabalho


Título

TERMOGRAFIA E VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA COMO FERRAMENTA PARA RETORNO AO ESPORTE APÓS HIPERTERMIA MALIGNA

Resumo

Hipertermia maligna (Hm) é uma condição letal, frequente em grandes eventos esportivos, como corridas de longa distância, sendo a terceira maior causa de mortalidade entre atletas durante a atividade física. Caracteriza-se por hiperpirexia (temperatura corporal acima de 40°C) e disfunção predominante do sistema nervoso central, resultando em delírio, convulsões ou coma. O estudo visa desenvolver um protocolo baseado em evidências, usando termografia e variabilidade da frequência cardíaca (VFC) como ferramentas para determinar o momento adequado e seguro de retorno ao esporte.
Um homem de 35 anos, ativo e sem comorbidades, colapsou após 20 km de corrida em dia de primavera, com temperatura média de 19,8°C e umidade relativa de 72,8%, com picos de 86%. Apresentava disfunção neurológica e temperatura axilar de 41,3°C, sendo diagnosticado com HM. Recebeu tratamento em tenda médica, com imersão em crioterapia e infusão intravenosa de soro fisiológico, procedimento considerado padrão ouro. Após 50 minutos de resfriamento e normalização da temperatura em 37,2°C e melhora parcial da consciência, foi transferido para unidade de terapia intensiva, onde ficou três dias, com exames indicando redução da função renal e elevação da creatinofosfoquinase.
Cinco dias após, foi submetido a avaliação da VFC por eletrocardiograma (ECGPC, TEB, São Paulo, Brasil), revelando redução significativa na VFC, apesar de um padrão eletrocardiográfico normal, indicando persistência de disfunção neurológica. No 23º dia, foram realizadas novas avaliações com VFC, termografia com câmera infravermelha (T530 – Teledyne FLIR LLC, OR, EUA), teste cardiopulmonar de esforço (TCPE) (Quark, Cosmed, Roma, Itália) e exames bioquímicos (EB), mostrando quase completa normalização, exceto por temperatura central elevada (37,9°C) e VFC ainda reduzida. Cinquenta e oito dias após, o paciente apresentou normalização de todas as variáveis, incluindo temperatura central, VFC, ECG, TCPE e EB.
Apesar da normalização nos EB e testes clínicos convencionais após 23 dias do evento, a VFC e termografia, apresentaram permanência de disfunção do sistema nervoso autônomo, com iminência de morte súbita. Desta forma entendemos como promissor o uso da VFC e termografia para desenvolvimento de protocolos baseados em evidências para o retorno a prática de atividades físicas pós quadro de HM. O estudo tem aprovação do Comitê de Ética do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, Brasil (Nº: 979/2010).

Palavras Chave

Hipertermia Maligna; Variabilidade da Frequência Cardíaca; Termografia.

Arquivos

Área

CARDIOLOGIA DO ESPORTE, EXERCÍCIO, ERGOMETRIA E REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR

Categoria

Pesquisador

Autores

ANTONIO ALVES DE FONTES-JUNIOR , MARIA FERNANDA CURY-BOAVENTURA, BOANERGES COSTA, ALEXANDRE ALDRED, WILSON RODRIGO DA SILVA FALABELLA TAVARES DE LIMA, ANA PAULA RENNÓ SIERRA