Dados do Trabalho


Título

Insuficiência Cardíaca Crônica por Uso Contínuo de Esteróides Androgênicos Anabolizantes: Relato de Caso

Resumo

Introdução
A Insuficiência Cardíaca Crônica (ICC) é a incapacidade do coração de bombear sangue de forma satisfatória progressiva e persistentemente, não atendendendo às necessidades metabólicas do organismo. [1]
Os esteróides androgênicos anabolizantes (EAA) são derivados da testosterona, utilizados em casos específicos de reposição hormonal terapêutica, em doses controladas. Devido ao efeito virilizante, é cada vez mais comum o uso abusivo e off-label dos EAAs, em doses 5-15 vezes maiores que o indicado, trazendo efeitos adversos graves e irreversíveis. [2]

Descrição do Caso
Paciente do sexo masculino, 29 anos, apresenta-se ao consultório com queixa de taquicardia associada a dispnéia, iniciada há 1 mês. Refere acompanhamento com nutrólogo, em uso de esteróides anabolizantes em dose suprafisiológica para fins estéticos há mais de um ano. Eletrocardiograma realizado no início da consulta comportava-se com flutter atrial de alta resposta, sendo iniciado rivaroxabana, metoprolol e propafenona e solicitado ecodopplercardiograma transtorácico. Após 10 dias, paciente retorna ao consultório com ecocardiograma evidenciando fração de ejeção de ventrículo esquerdo (FEVE) de 33% e dilatação de átrio e ventrículo esquerdos, indicando insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida. Dessa forma, optou-se por suspender a propafenona, iniciar sacubitril valsartana e agendar retorno em 30 dias para avaliação de Holter 24h. Esse apresentou ritmo de flutter atrial atípico durante toda a gravação, com frequência cardíaca mínima de 65 bpm e frequência cardíaca máxima de 132 bpm. Após 3 meses de tratamento clínico, retorna com nova ecocardiografia transtorácica, com melhora da FEVE em 11%, porém ainda abaixo dos níveis normais devido a hipocinesia difusa. O paciente foi aconselhado a cessar o uso de anabolizantes desde a primeira consulta e orientado quanto à necessidade de tratamento medicamentoso ad eternum.

Conclusões
O uso de EAA tem crescido cada vez mais nos últimos anos, seja para melhora da performance esportiva, seja para ganho estético. Tanto profissionais de saúde quanto pacientes que buscam esse tipo de tratamento devem ter em mente o dano extenso e muitas vezes irreversível do seu uso prolongado e em doses altas, podendo sentenciar indivíduos a cardiopatias severas e vitalícias. Dessa forma, EAA devem ser utilizados apenas quando necessários, em doses fisiológicas e bem prescritas, com seguimento cardiológico.

Palavras Chave

insuficiência cardíaca; Esteróides Androgênicos Anabolizantes; Disfunção Ventricular.

Área

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA / CARDIOMIOPATIA/ TRANSPLANTE

Categoria

Iniciação Científica

Autores

SALMA SARKIS SIMAO, RODRIGO KAMIMURA CASTRO