Dados do Trabalho


Título

Ablação Alcoólica de Cardiomiopatia Hipertrófica: Estratégias de Intervenção, Resultados Imediatos e Tardios

Resumo

Introdução: A ablação alcoólica septal (AAS) tornou-se uma alternativa à miectomia cirúrgica na cardiomiopatia hipertrófica (CMH) obstrutiva desde sua introdução em 1994, como estratégia para alívio de sintomas através de um infarto septal controlado.
Objetivo: Avaliar resultados clínicos e hemodinâmicos, imediatos e tardios, da AAS em pacientes com CMH.
Métodos: Trata-se de estudo observacional, unicêntrico, com inclusão consecutiva de pacientes com CMH obstrutiva, definida por critérios ecocardiográficos, sintomáticos (classe funcional NYHA II – IV) submetidos a AAS após avaliação angiográfica entre 2012 e 2024. Foram coletados dados clínicos e variáveis hemodinâmicas, além de dados ecocardiográficos antes e após a intervenção, analisados pelo médico executante, e desfechos hospitalares. Foi realizado seguimento clínico telefônico dos pacientes, e coletados dados ecocardiográficos tardios. Os desfechos de interesse foram óbito, necessidade de implante de marcapasso e classe funcional NYHA.
Resultados: No período do estudo, 19 pacientes foram submetidos a AAS, sendo 12 (63%) mulheres, média de idade 69±16 anos. Destes, 11 (58%) eram hipertensos, 5 (26%) tinham fibrilação atrial prévia e 3 tinham histórico de intervenção para CMH (2 AAS e 1 miomectomia). Seis pacientes (32%) encontravam-se em classe funcional NYHA III, e os demais em NYHA II. Ao ecocardiograma, a fração de ejeção média era de 68±8%, com gradiente intraventricular pré-procedimento de 65±30 mmHg. À manometria invasiva, o gradiente médio era 77±43 mmHg. Todos as AAS foram realizadas com sucesso, com a utilização de uma média de 2,6±1,2 ml de álcool para oclusão septal, e não houve óbitos na fase hospitalar. Oito (42%) pacientes necessitaram de implante de marcapasso definitivo, sendo 6 por bloqueio atrioventricular total. Seguimento tardio foi possível para 12 (67%) pacientes, com mediana de 27 (1-119) meses. Houve 1 óbito, não cardiovascular (sepse), e 1 paciente necessitou de implante de marcapasso e 1 teve indicação de miomectomia. Oito (67%) pacientes permaneceram em classe funcional NYHA I, 3 (25%) pacientes em classe NYHA II e apenas 1 em NYHA IV. Dentre os pacientes com seguimento completo, o gradiente tardio ao eco foi de 17±26 mmHg.
Conclusões: A AAS é uma técnica efetiva para tratamento sintomático da CMH, com resultados clínicos favoráveis e superponíveis à cirurgia, e menor morbidade. Os distúrbios do ritmo, entretanto, devem ser cautelosamente avaliados no peri-procedimento.

Palavras Chave

Cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva; Ablação alcoólica septal; Cardiologia intervencionista

Área

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA / CARDIOMIOPATIA/ TRANSPLANTE

Categoria

Pesquisador

Autores

FERNANDA PRESTES DAMAZIO, MARCOS ANTÔNIO MARINO, JÉSSICA BICALHO ASSIS, BÁRBARA CAMPOS ABREU MARINO, DANIEL COTA FORMIGA, JÉSSICA SILVA DE PAULA, EVANDRO VITOR ANDRADE, LUIS EDUARDO DINIZ COUTO, ROBERTO LUIZ MARINO, ÁUREA RUBACK BONFIM, WALTER RABELO, BRUNO RAMOS NASCIMENTO