Dados do Trabalho


Título

Doença Linfoproliferativa Pós-Transplante: um temor para quem recebeu um coração novo

Resumo

Introdução: Este relato aborda o caso de um paciente masculino com história de transplante de coração há 29 anos, que evoluiu com massa abdominal de crescimento rápido relacionada a neoplasia hematológica. Através dele, evidenciamos a sobrevida do doente transplantado cardíaco e como as complicações tardias desencadeadas pelo uso crônico de imunossupressores podem ser agressivas.
Relato do caso: Paciente masculino de 55 anos, antecedentes de hipertensão arterial, doença renal crônica (DRC), fibrilo-flutter atrial, e transplante cardíaco há 29 anos devido a disfunção ventricular pela doença de Chagas. Em uso de ciclosporina, porém, com histórico de uso de corticoide em altas doses e micofenolato, por rejeição celular do enxerto há 5 anos. Em seguimento regular no ambulatório de pós-transplantados, sem queixas na última consulta, há um mês. Admitido em pronto-socorro de hospital terciário com quadro de dor abdominal há 20 dias, associado a massa palpável em hipocôndrio direito. Tomografia de abdome evidenciou massa perirrenal de 25 cm (maior diâmetro), infiltrativa, com obstrução ureteral e hidronefrose. Evoluiu com injúria renal aguda sobreposta a DRC e necessidade de hemodiálise, por provável componente pós-renal associado a síndrome de lise tumoral. Imunofenotipagem de sangue periférico foi sugestiva de Linfoma de Burkitt (LB) e a medula óssea apresentava-se hipocelular, configurando o quadro clínico de Doença Linfoproliferativa Pós-Transplante (PTLD). Segue em estado grave em tratamento com quimioterapia.
Discussão: A PTLD é a complicação mais grave que pacientes transplantados podem desenvolver. A infecção aguda por Vírus Epstein-Barr (EBV) leva a expansão policlonal das células B, que podem persistir de forma latente no organismo e, no contexto de imunossupressão de células T, dar origem as doenças linfoproliferativas em até 70% dos casos. As manifestações clínicas podem incluir sintomas constitucionais, linfadenopatias, disfunções orgânicas e massas extra nodais, incluindo no trato gastrointestinal (como no caso relatado). A síndrome de lise tumoral espontânea pode estar presente, principalmente em neoplasias com alta taxa replicativa, como no LB, e o tratamento envolve quimioterapias específicas. Ao mesmo tempo que o transplante de coração aumentou a sobrevida dos pacientes cardiopatas graves, neste caso, em pelo menos 29 anos, novas patologias associadas ao contexto de imunossupressão ganharam luz e precisam ser mais bem monitoradas e tratadas.

Palavras Chave

Transplante de Coração; Transtornos Linfoproliferativos; Imunossupressão

Arquivos

Área

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA / CARDIOMIOPATIA/ TRANSPLANTE

Categoria

Jovem Pesquisador

Autores

MICHELL FAYAD ANDRÉ HADDAD, LUIZ OTÁVIO DE OLIVEIRA FILHO, PEDRO IVO DE MARQUI MORAES, DIRCEU RODRIGUES DE ALMEIDA