Dados do Trabalho
Título
Insuficiência cardíaca grave em homem jovem associado ao uso de esteróides anabolizantes
Resumo
Introdução
O abuso de esteróides anabolizantes tem se tornado motivo de preocupação de diversas sociedades médicas e o usuário habitual geralmente é homem com idade entre 20 e 40 anos, em busca de estética e performance. Uma variedade de outros agentes com a mesma proposta vem sendo associada – como hormonio do crescimento, levotiroxina, tamoxifen, clomifen e gonadotrofina. A curto prazo podem gerar hipertensão, palpitações, arritmias, tromboses e consequente morte súbita. Porém, efeitos a longo prazo incluem insuficiência cardíaca, distúrbio do humor e ansiedade, hipogonadismo e infertilidade.
Descrição do caso
Homem com 37 anos, profissional de Educação Física, há 10 anos em uso de esteróides anabolizantes (especialmente decadurabolin), admitido com síndrome edemigênica e dispnéia progressiva com 20 dias de evolução, admitido em classe funconal NYHA IV. O Ecocardiograma transtorácico identificou cardiomiopatia dilatada com fração de ejeção reduzida (27% - Simpson), hipocinesia difusa, aumento biventricular com trombo aderido à ponta de VE, insuficiência mitral moderada e tricúspide grave. A ressonância confirmou os achados, agregando a informação de trombo também em VD, edema e fibrose intersticial em mapa T1, sem fibrose. Houve melhora funcional (NYHA II) e das escórias nitrogenadas ao longo de 1 semana com diureticoterapia venosa, beta-bloqueador e inibidor da ECA associados à antagonista da aldosterona, com perda estimada em 8 Kg. Receberá alta breve para seguimento ambulatorial e reabilitação cardíaca.
Conclusões
A prevalência do uso de esteróides anabolizantes vem aumentando significativamente. O caso acima representa o exato perfil mais comumente relatado na literatura, porém refletindo a maior gravidade do uso excessivo a longo prazo. Estudos brasileiros estimam que 3,3% da população (sendo 6,4% dos homens e 1,6% das mulheres) faz uso ocasional ou frequente de esteroides anabolizantes.Esse percentual pode ser ainda maior entre esportistas recreacionais, atletas e estudantes do ensino médio. A despeito do edema intersticial, não há evidências que justifiquem o uso de corticoterapia nesses casos em que identifica-se extenso edema em mapa T1. Dados acima servem de alerta ao uso indiscriminado pela população, corroborado pela facilidade de acesso às substâncias, sendo as mais utilizadas em nosso País: Durateston - 41,37%; Deposteron - 21%; Deca-Durabolin - 13,79%; Winstrol - 13,79% e Hemogenin - 10,34%.
Palavras Chave
insuficiência cardíaca; Esteróides anabolizantes;
Área
CARDIOLOGIA DO ESPORTE, EXERCÍCIO, ERGOMETRIA E REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR
Categoria
Pesquisador
Autores
GUSTAVO QUINA DE ALMEIDA GOLDONI, LUCAS VASCONCELOS ARANTES, RAFAEL FRAGA FONSECA, LUIZ CASTRO DE OLIVEIRA FERNANDO, CLARISSA THIERS ANTUNES