Dados do Trabalho


Título

Padrão de acometimento valvar em pacientes com cardiopatia reumática crônica: impacto do diagnóstico de febre reumática aguda na infância

Resumo

Introdução: A profilaxia secundária de faringoamigdalites estreptocócicas tem papel crucial na progressão das lesões valvares e nos desfechos clínicos em pacientes com febre reumática aguda (FRA). No entanto, a maioria dos pacientes com cardiopatia reumática crônica (CRC) não apresenta um histórico clínico documentado de FRA, o que dificulta a indicação de profilaxia. Este estudo investigou a apresentação clínica, gravidade, padrão de acometimento valvar e desfechos em pacientes com diagnóstico prévio de FRA, comparando-os com pacientes com CRC sem histórico de FRA.
Métodos: Pacientes com CRC atendidos entre 2012 e 2023 foram submetidos a avaliações clínicas, ECG e ecocardiogramas para investigar o padrão e a gravidade do comprometimento valvar e da CRC. Os pacientes foram divididos em dois grupos com base no diagnóstico prévio de FRA na infância, conforme os critérios de Jones, e acompanhados por uma média de 5,7 anos (intervalo interquartílico de 1,7 a 9,8 anos). O desfecho avaliado incluiu necessidade de intervenção valvar, início de fibrilação atrial (FA) ou eventos embólicos.
Resultados: 213 pacientes foram incluídos, sendo que 106 pacientes (46%) foram diagnosticados com FRA na infância, com idade média ao diagnóstico de 12±5 anos. Na admissão ao estudo, pacientes com histórico de FRA apresentavam idade média mais jovem (44 vs. 48 anos; p=0,043) e menor frequência de indicação para intervenção valvar (43% vs. 61%, p=0,008) em comparação com os pacientes com CRC sem histórico de FRA. Quanto ao padrão de acometimento valvar, os pacientes com histórico de FRA exibiam uma prevalência maior de envolvimento das valvas mitral e aórtica, enquanto os pacientes sem histórico de FRA apresentavam predominantemente acometimento isolado da valva mitral (33% vs. 52%, p=0,029). Durante o seguimento, ocorreram 40 eventos adversos, incluindo 13 valvoplastias percutâneas, 15 trocas valvares mitrais, 9 com início de FA e 3 acidentes vasculares cerebrais isquêmicos, sem diferença significativa em relação ao diagnóstico prévio de FRA.
Conclusão:Embora a CRC seja reconhecida como uma complicação tardia da FRA, mais da metade dos pacientes adultos com CRC não possuíam histórico de FRA na infância, sugerindo limitações nos critérios diagnósticos atuais. Pacientes com histórico de FRA apresentaram uma idade mais jovem e uma maior prevalência de acometimento mitro-aórtico, contudo, demonstraram uma estabilidade clínica superior em comparação com os pacientes sem histórico de FRA.

Palavras Chave

Febre reumática aguda; Cardiopatia Reumática; Valvopatias

Área

PERICÁRDIO / ENDOCÁRDIO / VALVOPATIAS

Categoria

Iniciação Científica

Autores

MATHEUS ASSUNÇÃO RABELLO DE OLIVEIRA, FERNANDO CUNHA RUFFO, LUCAS CHAVES DIAMANTE, BRUNA VIEIRA GUARÇONI, HORTÊNCIA MARIA RIBEIRO DE CARVALHO , SARA REGINA SILVA CUPERTINO, FERNANDA SOPHYA LEITE CAMBRAIA, LUCAS LEAL FRAGA , MOISÉS BARBOSA DE ANDRADE, WILLIAM ANTÔNIO DE MAGALHÃES ESTEVES, MARIA DO CARMO PEREIRA NUNES