Dados do Trabalho

Título

Prognóstico do acidente vascular cerebral em pacientes com insuficiência cardíaca: influência do gênero.

Resumo

Fundamento: O acidente vascular cerebral (AVC) é uma condição comum em pacientes com insuficiência cardíaca (IC). A incidência aumenta com a idade, paralelamente ao agravamento da função sistólica, e está fortemente ligada a um maior risco de mortalidade. Porém, há uma lacuna sobre a influência do gênero no prognóstico de pacientes com AVC e IC.

Métodos: De fevereiro de 2017 a janeiro de 2022, analisamos a mortalidade e os preditores de morte por todas as causas em mulheres e homens com IC. Os dados incluíram características clínicas e achados ecocardiográficos. As comorbidades analisadas foram AVC prévio, infarto do miocárdio (IM) prévio, diabetes mellitus (DM), fibrilação atrial (FA) e doença renal crônica (DRC). Utilizou-se os métodos de Kaplan-Meier (K-M) e de riscos proporcionais de Cox para análise da mortalidade. Os preditores de morte foram obtidos pelo chi-quadrado escore da regressão de Cox.

Resultados: Analisamos 11.282 pacientes, média de idade de 63.9 ± 14,4 anos, 6.256 (55.4%) homens. Os pacientes com AVC eram mais idosos (66,1±13,7 vs. 63,8 14,4 anos; p<0,0001), tinham menor fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) inicial (44,4±16,4% vs. 46,3±16%; p=0,009), e maior DDVE inicial (58,5±10,4 vs. 57,2±9,6 mm; p=0,010). A prevalência de miocardiopatia (MCP) isquêmica (p=0,010) e de IM prévio (p=0,020) foi maior nos homens e a MCP hipertensiva (p=0,029) e valvar (p=0,025) foi maior nas mulheres. A prevalência de IC com fração de ejeção reduzida foi maior nos homens (p<0,001) e com fração de ejeção preservada maior nas mulheres (p<0,001). A incidência cumulativa de óbito (K-M: log-rank p<0,0001) em pacientes com AMC foi maior nas mulheres. A regressão de Cox para óbito, ajustado para idade, gênero, FEVE inicial, MCP isquêmica, MCP idiopática, MCP hipertensiva, MCP valvar IM, DM, DRC, FA, AVC, FEVE inicial, mostrou, em ordem decrescente de importância, a DRC (p<0,001), AVC (p<0,001), DM (p<0,001), AF (p<0,001), FEVE (p<0,001); idade (p<0,001), MCP valvar (p<0,001), IM (p<0,001) e MCP hipertensiva (p<0,001) como variáveis independentes para morte. Para os pacientes que apresentavam IC e AVC, a DRC (p<0,001), MCP valvar (p=0,001), DM (p=0,001), FEVE (p=0,004), idade (p=0,005) e gênero feminino (p=0,040) foram independentes para morte.

Conclusão: O AVC foi a segunda variável independente mais significativamente associada a mortalidade, destacando-se o gênero feminino com um prognóstico desfavorável no subgrupo afetado pela combinação de IC e AVC.

Palavras Chave

Insuficiência Cardíaca (IC); Acidente vascular cerebral; Gênero e Prognóstico