Dados do Trabalho


Título

Correlação entre a presença de fibrilação atrial e o desenvolvimento de reestenose em paciente com estenose mitral reumática submetidos a valvoplastia mitral percutânea por balão

Resumo

INTRODUÇÃO: A valvoplastia mitral percutânea por balão (VMPB) é uma intervenção eficaz em pacientes acometidos por estenose mitral reumática (EM). No entanto, 4 a 39% evoluem com reestenose mitral após uma VMPB bem sucedida. Essa complicação decorre da persistência da resposta inflamatória na válvula, seja por novos surtos de Febre Reumática ou por fatores hemodinâmicos, como o fluxo turbilhonado de sangue pela válvula. O presente estudo teve como objetivo avaliar a correlação entre a fibrilação atrial (FA) e a reestenose, considerando que as alterações no fluxo sanguíneo transmitral desencadeadas pela FA podem estimular a resposta inflamatória.

METODOLOGIA: Foram incluídos pacientes com EM reumática, seguidos no ambulatório de EM no HC-UFMG no período de 10/02/2011 a 07/05/2024, sem procedimento cirúrgico prévio e submetidos a VMPB com sucesso, definida como a obtenção de uma área valvar mitral (AVM) maior ou igual a 1,5 cm² ou um incremento de pelo menos 50% na AVM prévia, sem desenvolvimento de regurgitação mitral importante. Considerou-se reestenose mitral clinicamente significativa a redução da AVM para valor inferior a 1,5 cm² associada a AVC, óbito, indicação de nova VMPB ou indicação de troca valvar mitral. Utilizou-se o teste qui-quadrado de Pearson para avaliar a correlação entre a presença de FA e o desenvolvimento de reestenose.

RESULTADOS: Foram incluídos no estudo 380 pacientes, seguidos por um tempo mediano de 5,34 anos (intervalo interquartil 2,21-9,38). A idade média foi de 41,83 anos (±12,13), e 322 (84,7%) eram do sexo feminino. Ocorreu reestenose em 127 pacientes (33,4%), em um tempo mediano de 7,47 anos (intervalo interquartílico 3,48 - 13,59). Dentre os pacientes que desenvolveram reestenose, 66 (53,2%) tinham FA. Já dentre os pacientes sem reestenose, 112 (44,8%) apresentavam FA. Não houve correlação estatisticamente significativa entre a presença de FA e o desenvolvimento de reestenose (p = 0,133).

CONCLUSÃO: O estresse de cisalhamento causado pelo fluxo sanguíneo através da valva estimula uma inflamação crônica e uma remodelação inadequada da MEC, que estão associadas à progressão e gravidade da EM reumática. Embora a FA cause alterações no fluxo sanguíneo transmitral, a presença de FA não se correlacionou com o desenvolvimento de reestenose. Considerando a alta prevalência de FA nos pacientes com EM, essa arritmia parece ser mais uma consequência do dano valvar do que uma causa da progressão da doença, sendo um marcador de gravidade.

Palavras Chave

Fibrilação atrial; Estenose da Valva Mitral; Valvuloplastia

Arquivos

Área

PERICÁRDIO / ENDOCÁRDIO / VALVOPATIAS

Categoria

Iniciação Científica

Autores

WILLIAM SILVA BARBOSA, EDUARDO ENRIQUE CARVALHO GRADE VALLEJO, SARA REGINA SILVA CUPERTINO, THÚLIO COELHO ALVES, HENRIQUE FAUSTINO VIEIRA, ANA CRISTINA MAGNANI PINTO, BRUNA VIEIRA GUARÇONI, REGINA SAFAR AZIZ ANTÔNIO, LUCAS CHAVES DIAMANTE, CAMILA DE SOUZA PRAES, VICENTE REZENDE SILVA, MARIA DO CARMO PEREIRA NUNES