Dados do Trabalho
Título
Análise eletrocardiográfica de pacientes em tratamento para Leishmaniose Tegumentar Americana
Resumo
A morte súbita cardíaca é uma das principais causas de morte na atualidade e as arritmias configuram como principal fator desencadeante e, em algumas ocasiões, são consequências da variação do intervalo QT. Há evidências que o uso de alguns medicamentos podem promover o alargamento desse intervalo com potencial efeito arritmogênico. A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é endêmica no Brasil, com lesões de pele e mucosa, geralmente de curso benigno. Entretanto, o tratamento realizado com antimoniato de meglumina pode alterar a despolarização e repolarização ventricular, configurando um fator de risco para o desenvolvimento de arritmias e justificando as mortes registradas por LTA. O objetivo deste trabalho foi avaliar a variação no intervalo QT em pacientes que realizaram o tratamento para LTA com antimoniato de meglumina endovenoso. Foram analisados os eletrocardiogramas (ECG) de 18 pacientes elegíveis, maiores de 18 anos, que realizaram tratamento clínico para LTA no período de 2019 e 2020. O antimoniato de meglumina endovenoso foi administrado por 20 dias e os pacientes apresentavam inicialmente o intervalo QT dentro dos parâmetros de normalidade, para mulheres entre 340 e 470 ms e para homens entre 340 e 450 ms. O ECG foi realizado em três momentos do tratamento (início/meio/final) e a duração do intervalo QT, analisado pela fórmula de Framingham, foi comparada entre o segundo e terceiro momento com o valor inicial para determinar a variação. Foram excluídos os pacientes que usaram outro fármaco ou que receberam antimoniato de meglumina subcutâneo (menor dose acumulada) e os que possuíam duração do intervalo QT fora dos valores de referência. Dos 18 pacientes analisados, a maioria era do sexo masculino (66,6%) com idade entre 19 e 58 anos e não possuíam alguma arritmia prévia. A média da variação da duração do intervalo QT no ECG entre o início e a metade do tratamento foi de 31,777 ms (DP: 29,761) e entre a metade e o fim foi de -20,833 ms (DP: 28,791). Portanto, o uso de antimoniato de meglumina endovenoso no tratamento da LTA altera a despolarização e repolarização ventricular causando alargamento do intervalo QT o que propicia o surgimento de arritmias e seu efeito é parcialmente revertido ao fim do tratamento com a cessação do seu uso. Ressalta-se a importância de monitoramento cardíaco dos pacientes durante o tratamento, para minimizar os riscos de arritmias complexas e morte.
Palavras Chave
leishmaniose tegumentar; Eletrocardiograma; antimoniato de meglumina
Área
ARRITMIAS CARDÍACAS/ ELETROFISIOLOGIA/ ELETROCARDIOGRAFIA
Categoria
Iniciação Científica
Autores
NATHAN COSTA DE SOUZA, ALAIAN KRAUZER SOARES, ANGELITA FERNANDES DRUZIAN, MAURICIO ANTONIO POMPILIO, ADRIANA DE OLIVEIRA FRANÇA