Dados do Trabalho


Título

Endocardite infecciosa por Cutibacterium acnes em tratamento antibiótico supressivo crônico e três vias medicamentosas para tratamento da hipertensão pulmonar.

Resumo

INTRODUÇÃO: A Endocardite infecciosa (EI) tem incidência anual estimada de 3 a 10 casos por 100.000 pessoas. Alguns dos fatores para maior ocorrência de EI são valvas protéticas e marcapasso (MP), tendo como complicações mais frequentes a sepse, êmbolos sépticos e disfunção cardíaca.
DESCRIÇÃO DO CASO: Mulher de 61 anos com Anomalia de Ebstein, realizou troca valvar tricúspide em 2002 e implante de MP. Em 2009 realizou troca da fonte geradora, e em 2010 iniciou quadros febris, sempre com culturas negativas e ecocardiograma sem vegetação. Submetida a várias internações ao longo de 2 anos com esquemas antibióticos empíricos. Em 2011 foi identificado vegetação em cabo do MP com isolamento do germe indolente Cutibacterium acnes, através da técnica MALDI-TOF, e embolia pulmonar. Tratada com penicilina, retirado cabo MP e implante de cabos epicárdicos, mantida a prótese tricúspide por se apresentar normofuncionante. Entre 2012 e 2014, apresentou múltiplas internações por episódios de calafrios e aumento da pressão sistólica de artéria pulmonar (80mmhg), piora da função do ventrículo direito e novas áreas de infarto pulmonar. Cateterismo cardíaco direito com pressão média de artéria pulmonar 29mmHg, resistência vascular pulmonar alta (9,38 uW.m²) e teste de vasorreatividade pulmonar positivo, porém ainda acima da normalidade.
Ao final de 2014, baseado em cintilografia com glicose marcada por flúor 18 positiva e piora da hipertensão pulmonar (HP) foi tratada com penicilina cristalina por 8 semanas e mantida terapia de supressão com amoxicilina. Instituído oxigênio domiciliar, sildenafil e anticoagulação plena. Evoluiu progressivamente com piora do quadro, necessitando otimização da diureticoterapia, associação de bosentana, e por último iloprost e morfina para dispneia (figura).
CONCLUSÕES: Cutibacterium acnes é uma causa rara de EI, um germe de crescimento lento, dificultando isolamento em cultura, além de fazer biofilme em próteses, sendo necessária a extirpação dessas para controle infeccioso. No caso em questão, a manutenção da prótese valvar tricúspide levou a embolias recorrentes e consequente HP grave. O tratamento com antibiótico supressivo se fez necessário visto a impossibilidade cirúrgica uma vez instalada a HP.
Avanços recentes no tratamento clínico da HP tem trazido esperança para essa doença de difícil tratamento. A paciente teve melhora clínica parcial com a introdução do iloprost, satisfatória considerando-se a gravidade do caso.

Palavras Chave

Endocardite; Hipertensão Pulmonar.

Arquivos

Área

PERICÁRDIO / ENDOCÁRDIO / VALVOPATIAS

Categoria

Jovem Pesquisador

Autores

GREGORY MICHEL BECH, BÁRBARA GONÇALVES DOS SANTOS, IZADORA BIGHETTI BRITO, THAÍSSA SANTOS MONTEIRO, FÁBIO AKIO NISHIJUKA, MARIA CAROLINA TERRA COLA, ANA CLARA BARROS PORTO CARREIRO, RAFAELA MAYRINCK LYNCH