Dados do Trabalho

Título

Diferenças regionais da insuficiência cardíaca no Brasil – resultados do Estudo Rosa dos Ventos

Resumo

Introdução: Estudos sobre a insuficiência cardíaca (IC) no Brasil, especialmente considerando as diferenças regionais e impacto na saúde pública, são limitados. Objetivo: Analisar as variações regionais da IC crônica no Brasil considerando aspectos clínicos e terapêuticos. Métodos: Estudo multicêntrico, incluindo pacientes com IC e fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) <50%, idade > 18 anos atendidos no período de junho de 2021 a janeiro de 2024 em 32 centros nas cinco macrorregiões do Brasil. Os parâmetros demográficos, clínicos e de tratamento foram coletados durante a visita ambulatorial. A terapia otimizada foi definida como uso de simultâneo de sacubitril-valsartan, betabloqueador, antagonista mineralocorticóide e inibidor do cotransportador sódio-glicose 2 nas doses-alvo, recomendadas pela diretriz de IC da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Resultados: Foram analisados 2303 pacientes (61±14 anos; 36% mulheres, FEVE 34±9%, 82% em centros do SUS), com tempo mediano desde o diagnóstico de IC de 3,5 anos. A raça branca foi menos prevalente na região Nordeste (20%) e mais prevalente na região Sul (64%, p<0,001). A Etiologia isquêmica foi mais comum na região Sul (N: 38% vs NE 34% vs CO: 28% vs SE: 33% vs S: 42%, p<0,001), enquanto doença de Chagas foi mais comum na região Centro-Oeste (N: 4% vs NE: 13% vs CO: 34% vs SE: 10% vs S: 6%, p< 0,001), em comparação com as demais regiões. O tratamento clínico otimizado também diferiu significativamente entre as cinco macrorregiões, sendo que a região Norte apresentou a menor taxa de prescrição em dose plena de todas as classes de medicações (Figura). Uso de cardioversor-desfibrilador implantável foi mais frequente na região Sul (N: 3% vs NE: 7% vs CO: 8% vs SE: 9% vs S: 11%, p< 0,001. Conclusão: Em pacientes com IC crônica, nós observamos notáveis diferenças na etiologia e nas abordagens terapêuticas conforme as macrorregiões do Brasil. Estas disparidades ressaltam a necessidade premente de estratégias de saúde pública e intervenções clínicas adaptadas às características específicas de cada localidade, visando otimizar o manejo e os desfechos clínicos desta condição cardíaca complexa em todo o país.

Palavras Chave

insuficiência cardíaca; regiões brasileiras.

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