Dados do Trabalho
Título
Endocardite infecciosa por Abiotrophia defectiva: Relato de caso
Resumo
Paciente feminina, 71 anos, com histórico de duas cirurgias de troca valvar aórtica por prótese biológica, sendo a 1ª decorrente de Endocardite infecciosa (EI) e a 2ª por estenose da prótese deu entrada em pronto atendimento com história de tratamento dentário há 2 meses, tendo realizado profilaxia para EI com Amoxicilina, evoluindo há 2 semanas com queixa de mal estar geral, febre (>38ºC) diária e surgimento de manchas avermelhadas em membros inferiores. Realizou coleta de exames laboratoriais que demonstraram leucocitose neutrofílica, aumento PCR e VHS e hemoculturas positivas para Abiotrophia defectiva resistente à penicilina. O ecocardiograma transtorácico evidenciou prótese biológica aórtica com dupla disfunção (predomínio de estenose importante), folhetos espessados, gradiente sistólico médio de 60mmHg, orifício de 0,8 cm² e vel. máx. 4,76m/s. A paciente foi submetida inicialmente a tratamento antimicrobiano (Gentamicina, Meropenem e Vancomicina) e posteriormente retroca valvar aórtica. A Endocardite infecciosa refere-se à infecção da superfície endocárdica e geralmente leva ao acometimento de uma ou mais válvulas cardíacas ou à infecção de um dispositivo intracardíaco e em 5 a 20% dos casos permanecem sem diagnóstico microbiológico. A Abiotrophia defectiva é um coco gram positivo fastidioso, catalase negativo e anaeróbico que pertence a microbiota comensal oral, intestinal e urogenital, causando raramente bacteremia e representando cerca de 1 a 3% dos casos de endocardite. Porém como são organismos exigentes para seu crescimento seu papel na EI pode estar subestimado. Mushtaq et al, isolou e testou a suscetibilidade antimicrobiana de 25 amostras de Abiotrophia entre 1986 e 2015 e encontrou que em 24% delas houve suscetibilidade a penicilinas, 92% a ceftriaxona, Clindamincina ou Cefotaxima, 72% ao meropenem e todas foram suscetíveis a Levofloxacino e Vancomicina. Conforme exposto a Abiotrophia é uma bactéria de difícil isolamento e com resistência considerável aos antibióticos, portanto o fato de a paciente ter realizado profilaxia para EI antes do procedimento dentário não foi suficiente para fornecer adequada cobertura, sendo assim devemos reconsiderar o esquema atualmente utilizado, individualizando conforme histórico do paciente. A paciente em questão, deve ter seu esquema ampliado sempre que necessitar da realização de antibioticoprofilaxia visto ser conhecida sua colonização por Abiotrophia e ao seu alto risco de desenvolvimento de EI.
Palavras Chave
Endocardite infecciosa; Abiotrophia
Área
PERICÁRDIO / ENDOCÁRDIO / VALVOPATIAS
Categoria
Jovem Pesquisador
Autores
GABRIEL JOSE RIBEIRO, ANTONIO MARIA ZACCARIA NASCIMENTO, ALEXIA BORGES BERNARDES, PATRICK PIERRY SOUSA OLIVEIRA, ALEXANDRE HENRIQUE KALLAUR GRANGEIRO, FERNANDA SEGURA CAMPOS, MILENA FERNANDES CASTRO, LUIZ EDUARDO ANDRAUS CROZARIOL , MARIA ISABEL MAGELA CANGUSSU, JHONATHAN LUIZ GOUVEIA, GUSTAVO LEMOS PEDERÇOLE, ALESSANDRO APARECIDO MACHADO