Dados do Trabalho

Título

Impacto da Acessibilidade Geográfica na Utilização de Serviços de Atenção Primária à Saúde em Áreas Rurais para Pacientes com Hipertensão e Diabetes: um Estudo no Vale do Mucuri, Brasil

Resumo

Introdução: Áreas remotas e com recursos limitados no Brasil têm enfrentado desafios há muito tempo para acessar serviços de atenção primária à saúde. Obstáculos geográficos dificultam o acesso a esses serviços essenciais e impactam a saúde pública, especialmente no enfrentamento de doenças não transmissíveis como diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e hipertensão. Este estudo investigou a associação entre acessibilidade geográfica e utilização de serviços de atenção primária à saúde entre adultos com hipertensão e DM2 no Vale do Mucuri, Brasil.
Métodos: Este estudo de coorte retrospectivo incluiu homens e mulheres com idades entre 30 e 69 anos com DM2 e/ou hipertensão em dez municípios do Vale do Mucuri (Minas Gerais). Os dados foram estratificados em grupos urbanos e rurais. A variável de desfecho foi "visitas infrequentes", definidas como menos de duas visitas anuais à atenção primária. Análises univariadas exploraram as relações entre variáveis de exposição (distância entre residência e unidade de saúde, tipo de estrada, sexo, idade, raça, nível de educação, renda familiar e número de comorbidades e sintomas) e visitas infrequentes. Análises multivariadas, ajustadas para fatores de confusão, determinaram a relação entre as variáveis de exposição (distância e tipo de estrada) e visitas infrequentes. O modelo 1 ajustou para demografia, o modelo 2 adicionou fatores socioeconômicos, e o modelo 3 adicionou o número total de comorbidades e sintomas.
Resultados: No total, 2.605 pacientes foram incluídos (idade mediana de 56 anos [IQR 47-62], 32,6% homens, 21,9% da área rural). No modelo totalmente ajustado, a distância foi significativamente relacionada às visitas infrequentes no grupo rural (odds ratio [OR] 1,04, intervalo de confiança [IC] 95% 1,01-1,07). Não foi encontrada relação entre tipo de estrada e visitas infrequentes na área rural (OR 1,05, IC 95% 0,62-1,78), e distância e visitas infrequentes na área urbana (OR 1,01, IC 95% 0,86-1,17) após ajuste para fatores de confusão.
Conclusão: Este estudo sugere que a acessibilidade geográfica impacta a utilização de serviços de atenção primária à saúde em áreas rurais. Em áreas urbanas, a acessibilidade geográfica não impactou a utilização de serviços de saúde. Pesquisas futuras devem aprofundar a compreensão entre o tipo de estrada e a utilização de serviços de saúde em áreas rurais e explorar fatores que influenciam a utilização de serviços de atenção primária à saúde em pequenas áreas urbanas.

Palavras Chave

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMIC; Diabetes mellitus; “Acesso à saúde”